segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

2008

Enfim, virei o ano em Copacabana. Vi os fogos, entrei na água, levei flores para Iemanjá. A Marina está aqui comigo e não ficamos um segungo paradas. Mas o mais legal é me divertir com as pérolas que ela solta:


"O que estraga o Rio de Janeiro são os cariocas"


" Não se deve matar sapos. É falta de educação"

sábado, 29 de dezembro de 2007

Mais sobre 2007

Fui juntar os brinquedinhos de Kinder Ovo e McLanche Feliz para levar para o meu pai, em Goiânia, e percebi outra coisa sobre 2007: comi muuuita besteira!!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Um ano pra recordar

Fazendo um balanço, eu diria que valeu. Cada minuto, cada segundo, valeu tudo. Ora surpreendentemente alegre, ora insuportavelmente dolorido. Assim foi meu ano.
Neste ano experimentei como nunca a solidão. Comecei minha vida aqui no Rio sem a Erika, que me fez companhia durante todo o ano passado. Não peguei aulas, pois encerrei meus créditos do mestrado. Descobri que dividir alegrias é mais difícil que dividir tristezas. Muitas vezes minhas alegrias ficavam menores, por não ter quem vibrar por mim. E também não tive com quem dividir fraquezas, pois não conseguia aceitá-las. Quanto mais eu tentava aparentar dureza, mais elas me consumiam.
Perdi minha avó paterna. Não preciso explicar a dimensão dessa perda.
Estive como nunca em São Paulo no segundo semestre. Passar mais tempo com minha família e me aproximar dos meus primos grandes e pequenos foi impagável. Tomar chazinho e comer a deliciosa comida da minha tia acompanhada das infinitas conversas também. Morar fora de casa me fez sentir muito mais falta de alguma presença familiar por perto.
Fiz um teste no dia do meu aniversário e consegui o papel no filme "Um amor do outro lado do mundo". Fiz uma viagem inesquecível à China. Fiquei maravilhada em ver paisagens surpreendentes, hábitos tão diferentes e encontrar muito de mim por ali. No fim do ano continuamos as filmagens no Rio e me desafiei, me entreguei e me consumi.
Pela primeira vez na vida, fiz exercício físico com algum entusiasmo. Passei a caminhar no Maracanã com a Luana e a Euri e eventualmente algumas presenças esporádicas, como a Suzana, a Iasmine e a Raquel. Tomamos água de coco como se encontráramos um oásis.
Ganhei alguns sobrinhos. A Nina, da Tati, o Pedro Vinícius, da Maíra, e o Apolo, da Geórgia, ainda por vir. Vibrei por todos. Fui madrinha de casamento da Georgia e do Leo. Fiquei feliz ao ver minha prima Taís com um novo amor. Constatei que realmente "verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo com longas distâncias", com a Júlia, Maria Cristina e todos os outros.
Perdi minha bolsa de mestrado. Tracei planos para o próximo ano, animei-me com novas perspectivas.
Amanhã busco a Marina na rodoviária para passarmos o Reveillon juntas e também gravo comercial para o Banco do Brasil. Pelo que tudo indica, o ano se encerra perfeito, fazendo tudo valer. E ano que vem ainda será melhor.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Peguei o ônibus para São Paulo e dormi quase o trajeto inteiro, pois havia passado a noite em claro. Nos breves momentos em que abria os olhos, via uma garotinha me espiando entre as poltronas. Ela sorria para mim, eu retribuía o sorriso e adormecia novamente.

Quando estávamos próximas de chegar, ela foi se aproximando e puxando assunto. Seu nome era Jéssica, tinha 9 anos de idade e estava viajando com a mãe e dois irmãos, para passar o Natal com a família, em São Paulo. Havia nascido lá, mas já morara na Bahia, no Recife e no Rio. Seu sotaque era "todo misturado", nas palavras dela mesma.

A garota me contou que todo ano pedia ao Papai Noel uma boneca e que já tinha o quarto cheio delas. E confessou que se chateava quando a mãe doava alguma de suas bonecas antigas. Então a mãe, entrando na conversa, explicou que a boneca em questão já não tinha um olho e um braço. "O olho e o braço eu mesma arranquei, mas outra menina comeu a mão e um pé", a garota me explicou. Um casal de senhores começou a rir e comentou que aquilo era antropofagia e que a situação da boneca era realmente trágica.

- Eu tenho um beliche. Eu durmo no andar de baixo e minhas bonecas ocupam todo o andar de cima. Elas falam o tempo inteiro. Eu nem consigo dormir, pois elas não param de falar. Eu mesma já não falo pouco...

- Ah, aí você fica conversando com elas durante a noite? - eu ri.

- Não, elas nem me deixam falar. Elas conversam muito.

A conversa ia por esse caminho, até ela começar a falar do pai:

- Lembra que no início da viagem eu estava chorando?

Eu não lembrava.

- Eu chorei porque ele não pôde viajar com a gente.

Nesse momento me ocorreu um flashback. Eu não lembrava de vê-la chorando, mas me lembrei de ouvir uma voz (sua mãe) dizendo-lhe que ainda poderia desistir da viagem e ficar com o pai. Perguntei:

- Por que ele não pôde vir? Está trabalhando?

- Não. O problema é esse. Ele está sem trabalho. Então ele comprou as nossas passagens e não deu pra comprar a dele.

Então olhei para aquela garotinha e pensei que tudo que posso desejar para o próximo ano é que ela e outras Jéssicas possam passar o Natal com toda a família.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Diálogo comigo mesma

Quando prestei atenção na conversa que estava tendo comigo mesma, achei graça e decidi registrar:

- Hum, vou comer um chocolate.

- Agora vou pegar outro chocolate.

- Vou pegar outro.

- Pra quê? Você nem está com tanta vontade assim.

- Só mais esse.

- Então esse é o último. Estou desconfiada de que você não pára de comer só pra não ter que escovar os dentes!

sábado, 15 de dezembro de 2007

Por que sou assim...

Não lembro que idade tínhamos, mas éramos crianças, eu e minha irmã. Um dia meu pai nos chamou. Fomos à sala ouvir o que ele queria dizer. Tinha uma novidade. E contou: Havia ensinado o armário (onde as guloseimas eram guardadas) a entender chinês. Se quiséssemos que ele se abrisse, tínhamos que pedir em chinês, caso contrário ele permaneceria fechado. Fizemos o teste. Tentamos puxar a porta do armário, mas ela não se abria. Então meu pai nos orientou a falar em chinês com o armário. Assim fizemos. Novamente puxamos sua porta, que foi guiada facilmente por nossas mãos. Era algo surpreendente: meu pai ensinara o armário a entender chinês!

É claro que, mesmo sendo crianças, percebemos que aquela história estava muito malcontada. Como assim, falar em chinês com um armário? Então fiquei observando o meu pai até perceber o truque que ele utilizava e desbancá-lo de vez. Não, não vou contar o truque. Vou deixá-los curiosos. Além do mais, quem sabe um dia eu não precise usá-lo com meus filhos?

Enfim, o ponto a que quero chegar é: E meu pai ainda tinha a esperança de ter filhas normais??!!!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Um dia de cão


Sabe aqueles dias em que não dá vontade de levantar da cama? Pois hoje foi um desses. Depois de uma noite maldormida, ou quase não dormida, levantei apenas porque tinha que tocar o dia e desta vez teria que ir ao seminário, pois tinha que apresentar trabalho. Acabei de ler o livro que ganhei da Luana, preparei meu almoço e, apesar da vontade de ficar em casa, lá fui eu para a Uerj. Chegando lá, não encontrava o lugar onde o seminário estava sendo realizado. Andei de um lado pro outro no décimo andar e não via ninguém. Sentei e fiquei esperando. Nessa hora lembrei do que sempre aconselho a todos, que sei que é verdade, mas quem mandou ser teimosa e não cumprir... É o seguinte: se você tem vontade de fazer algo legal, mas tem que deixá-lo de lado pra cumprir uma tarefa, faça o algo legal, porque se fizer a outra opção, dará errado. Se você quer sair com os amigos, mas deixa de fazê-lo pra ir à aula, o professor cancela a aula. Se você deixa de descansar pra ir ao banco, o banco fecha. Batata. Pois bem. Saí de casa sem vontade pra ir à faculdade, quem mandou?
Enfim, meia hora depois, descubro que o seminário está sendo realizado no oitavo andar. Entro, encontro os colegas, começo a bater papo. Aí recebo a notícia: não temos mais bolsa. Como assim? Assim. A bolsa da Faperj encerrava em outubro, o que significa que a última foi-me depositada em novembro. E eu que já havia me endividado toda com os presentes de Natal... Paciência. Eu já esperava que a partir de abril eu teria que ter uma perspectiva para me virar sem bolsa. Mas era uma preocupação para depois do mestrado. Não agora. Não assim de surpresa. Vou conferir meu saldo: negativo. Quanto? Muito. O que seria coberto com a bolsa, não será mais.
Mas a vida continua e dinheiro é um dos motivos pelos quais menos vale a pena chorar. Pra sobreviver este mês, esvazio a poupança. Para sobreviver no próximo, gasto a grana que iria entrar pra poupança e agora vai direto pro supermercado, pro dia-a-dia. A viagem pra Europa (amigas, sinto muito) provavelmente não será no próximo ano. Mas que o próximo ano abra caminhos, dê oportunidades. Acho que é um dos meus primeiros dias encarando a vida como adulta.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Eu sei quem fui eu quem provocou a chuva...

... Mas dia de chuva não é propício pra ir pra seminário, então aproveitei pra ficar em casa, ler meu novo livro, tirar uma soneca...

Ritual para chover

Ontem estava fazendo tanto calor, que resolvi lavar o cabelo bem caprichadamente, com banho de creme e tudo, pra fazer chover. Funcionou. Quando saí do banho, já pude ouvir o som da tempestade.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Confraternização


Hoje foi a festinha de confraternização só das vips do pensionato, hehe! Tivemos uma gincana que eu organizei, improvisamos fantasias e revelamos o amigo secreto. A Luana saiu comigo e me deu o livro "Marley e eu". Bem legal. Agora estou ansiosa para as próximas festinhas...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Por que eu gosto da noite...

Conheço várias pessoas que dizem adorar ficarem acordadas à noite. Algumas dizem que é pelo sossego, outras que é pelo frescor. O meu motivo é outro. De dia, sinto que tenho que cuidar das tarefas, ser produtiva. À noite, o tempo em que estou acordada seria um tempo em que eu poderia estar dormindo. Então eu sinto que tiro tempo de dentro do tempo e ele é todo livre, ele é extra, eu posso simplesmente curtir. É como se eu trapaceasse e roubasse algumas horas da vida...

domingo, 9 de dezembro de 2007

Tinha que ser meu afilhado...


A Marina me contou por telefone uma história que me fez morrer de rir. Pra quem não sabe, temos três gatos: o João, o Miki (da foto, é o meu afilhado) e o Rafinha. A Marina estava penteando o João, quando ele achou ruim e deu um tapa nela. Ela ficou brava e começou a brigar com o João. Aí o Miki, essa coisinha linda, se aproveitou da situação, se aproximou e deu um super tapa no João!

Ode ao sucolé

Hoje, enquanto íamos à praia, a Euri me lembrou de escrever no meu blog sobre meu amor pelo sucolé. Então a primeira coisa que fiz ao chegar na praia foi arranjar um papel e escrever esta ode:

Ode ao sucolé


Por onde andas que não sei onde estás?
Não sabes que venho pra te encontrar,
Que enfrento um ônibus quente e fico no sol ardente
Apenas a te esperar?


Mas quando passas no isopor
O resto do mundo fica pra trás
Eu esqueço todo o calor
E corro atrás.


Pois quando te tenho nas mãos
Vejo ir embora minha pressa
Dissipa minha dor ao sentir teu sabor
E és tudo que me interessa.


Pode ser de coco ou morango
Quando gelado está
Mas és tu, meu grande amor:
Sucolé de maracujá!

sábado, 8 de dezembro de 2007

Coisas da China


Hoje, quando fui fazer o teste, estávamos eu e outra garota esperando para ser maquiadas. Olhei para o pé dela e vi uma tatuagem, que não consegui distinguir o que era. Quando perguntei, ela achou graça que eu, uma chinesa, perguntasse a ela, brasileira, o significado daquilo, pois era um ideograma chinês. Então ela me explicou que o significado de sua tatuagem era "vida", no sentido de "caminho", de "o que está traçado". Achei bonito. A conversa foi curta, pois logo entrei para ser maquiada e tínhamos que falar baixo, para não atrapalhar o teste. Mas prometi achá-la no orkut para trocarmos figurinhas.
Enfim, no caminho de volta fui pensando alguma coisa sobre a China e lembrei que, na época em que estive lá, eu ainda não tinha blog. Então resolvi compartilhar algumas situações inusitadas e outras nem tanto, mas que me marcaram.
O trânsito, no interior da China, é caótico. A conclusão a que chegamos é de que eles dirigem carro com a lógica da bicicleta. Eles são capazes de andar durante vários minutos na pista contrária, há uma mistura de gente no meio de carro, no meio de bicicleta, moto e triciclo, todos virando, entrando na frente um do outro, fazendo umas travessias malucas. E o mais espantoso: não há um só acidente! Não vi! Ainda por cima, não têm dó de meter a mão na buzina. Mas levar buzinada não é ofensa, não, é praxe. É preciso que fique claro que isso que estou falando aplica-se à região de Sichuan, porque em Pequim o trânsito é bem organizado. Mas em Chengdu, no dia em que vimos um motorista ser multado, ficamos curiosíssimos pra saber que proeza ele tinha feito. Porque lá eles atravessam sinal, andam na contramão, fazem qualquer coisa... O Jacques comentou que, pra conseguir ser multado, o cara deve ter feito pirueta, saltado e sapateado com o carro. Acredito que sim.
O supermercado chinês era meu paraíso! Veja só, eu que enlouqueço até naqueles mercadinhos da Liberdade! Ficava fascinada no meio de tantas embalagens coloridas, mas não entendia bulhufas! E esses produtos sabem enganar! Nunca esqueço uns pacotinhos coloridinhos na Liberdade, com Hello Kitty, Keropi, com a maior cara de pacotes de doces, imagine minha decepção ao descobrir que eram comidas salgadas super sérias! Por via das dúvidas, experimentava de tudo! Aquelas frutas secas bem azedas, só de pensar, fico com água na boca. Leite fermentado, suco de todos os sabores possíveis, salgadinhos, bolo, macarrão... Várias vezes acabei jogando comida fora, como o salgadinho que parecia tão saboroso na embalagem, ou o suco de não sei que flor. Mas descobri coisas deliciosas, como um leite fermentado mais gostoso que yakult, gelatina de babosa, uma ameixa seca azedinha. Também comprei um chá de jasmim que adoro e preparava todas as tardes no hotel. Gostosas lembranças...
Ah, claro, não posso deixar de contar do bar gay! Não é que descobrimos que no interior do interior da China havia um bar gay? É lógico que resolvemos conferir! Decepção: éramos as únicas almas vivas no local. Agora alguém me explique como o dono sobrevive... Ok, ok, está certo que fomos em uma terça-feira, vá lá...
Quando estava quieta no meu quarto, ficava assistindo TV pra ter mais contato com a língua. Mas o programa de que gostei pra valer era uma novela italiana. Como era dublada em chinês, estava valendo. Só consegui assistir dois episódios, depois procurei-a em todas as lojas de DVD, em vão. Lembro que tinha uma personagem chamada Maria, que ficou meio louca, porque tinha lembranças reprimidas da época da morte da mãe. Era italiana mas o drama fazia jus às novelas chinesas!
Durante o café da manhã no hotel, um homem de Taiwan começou a conversar comigo e, quando soube que eu era brasileira, disse que havia uma menina brasileira na excursão em que ele estava. Ele chamou-a e conversamos um pouco. Essa garota mora em São Paulo e quase fez o teste pro filme também, mas acabou não fazendo porque estaria ocupada no período da filmagem. Adivinha qual era a ocupação dela? A viagem pra China!
Sabe aquele dia em que tudo dá errado? O dia foi ótimo, mas a noite... Estávamos em Sichuan passeando, passeando. Mas na hora em que bateu a fome, não havia restaurante algum por perto. Tivemos que caminhar muito até chegar na área da comida. Depois de muita indecisão e impaciência sobre onde comer, resolvemos entrar em um restaurante. A Débora ficou reclamando da higiene dos copos e quando cogitamos se permaneceríamos ali, o David se irritou de vez e voltou pro hotel. Tá. Comemos o pedido que já tinha chegado, cancelamos os outros e trocamos de restaurante. Cada um fez seu pedido, todos foram chegando e nem rastro da minha sopa. A comida da Elisa veio errada, todo mundo comendo. Nada da minha sopa. Eu perguntava pra garçonete e ela dizia que estava chegando. O tempo passa. Nada da minha sopa. Quando todo mundo já estava acabando de comer, me aparece a garçonete dizendo que minha sopa estava em falta. Eu, que até então estava levando na esportiva, resolvi levantar e ir embora. Na saída, mais confusão, porque não queríamos que a Elisa pagasse pelo prato errado, que não comeu. Depois de muito discutir com a garçonete, pagamos tudo, pois sabe-se lá o que acontece em outro país com estrangeiros não pagantes... Melhor não arriscar. Mas eu continuava com fome. Então apelei: entrei no KFC. Quando eu estava fazendo meu pedido, apagaram as luzes. Só pudemos rir. Comi no escuro. À noite, o pessoal resolve sair e passamos pela mesma peleja, de bar em bar, com muito estresse. No dia seguinte falei ao Chao que ele estava certo em não ter ido. E ele me perguntou como não percebi, havia tido todos os sinais de que era o dia pra me trancar no hotel e não sair mais até o dia seguinte.
Já em Pequim... Mercado de seda! Eu, que havia dito que não compraria roupa na China, queimei a língua. Peças lindíssimas. O negócio ali é saber pechinchar. Eu entrei no espírito. As maiores poliglotas da China são as vendedoras de lá. Fazem de tudo pra vender, falam inglês, espanhol, javanês. Chamam-nos de "amiga", puxam-nos pelo braço. A Débora se envolvia emocionalmente e sofria. Eu não. Aproveitava a situação. Elas parecem que vão morrer pra te convencer a comprar um produto, fazem cara de choro e tudo. Eu perguntava os preços e elas me respondiam "800". Eu comprava por 50. Mas isso porque eu comprava muito bem, conseguia dobrar as vendedoras. Virou um jogo, porque nessa de pechinchar, a gente acaba não sabendo qual o real valor do produto. A Débora negociou uma mala por 100, mas queria dar mais uma olhada antes de comprar. A vendedora quase se descabelava pra que ela comprasse naquele exato momento, dizendo que ela não voltaria. Não é que a vendedora da loja em frente ofereceu o mesmo produto por 95? Demos nossa volta e a Débora fez questão de voltar e comprar da vendedora magoada. Toda ressentida, ela disse que não venderia mais por 100, mas por 150. Fomos à loja em frente e compramos por 95, claro! Na saída, a mulher olhou pra Débora, toda raivosa, e falou: "I don´t like you! You're a mean lady!" Eu tive que achar graça, mas a Débora se magoou.
Eu e Débora passamos por tanta situação inusitada juntas que até combinamos de montar uma peça. Teve o dia do supermercado, em que resolvemos transportar o carrinho na escada rolante e quase caímos com carrinho e tudo duas vezes, uma na subida e outra na descida. Teve o dia na lan house, em que o rapaz veio ajudá-la com um problema no computador, mas acabou mexendo na internet pelo computador dela e depois ficou um tempão parado atrás do nosso ombro. Teve o relógio que a Débora comprou feliz da vida, ficou elogiando, dizendo que havia feito bom negócio, até achar um igual mais barato e dar chilique. Teve o taxi em que ficamos desconfiadas inventando conspirações, para depois rirmos muito da nossa paranóia.
Em Pequim fomos a um barzinho indicado pela produtora de lá. Não sei o nome dela porque não era unanimidade, cada brasileiro a chamava de um jeito. Era um ambiente descontraído, com almofadas e mesinhas baixas. O Moacyr ficou dizendo que não acreditava que havia saído em Pequim para ir a Santa Teresa. Cada um pediu sua bebida, eu pedi Ice Tea. Todos bebendo e nada do meu Ice Tea. Depois de um longo tempo, fui tirar satisfação com a garçonete e o que ela me responde? "Ele está sendo feito"... Explicado! Foram fazer o Ice Tea! Ou seja, cozinhar água, preparar chá e colocar na geladeira?!!
Eu andando pelo Lufthansa Shopping, em plena Pequim, e que música escuto a tocar? "Começar de novo", do Ivan Lins!
Bem chega de histórias da China, pelo menos por hoje.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Vou dar uma dica...

Tiramos os nomes do amigo secreto do pensionato. Vou dar uma dica do meu: É mulher!

Olha só...


Essas são as pantufas que me foram predestinadas pela "sorte do dia" do orkut!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mais coisas da vida e da morte

Lembrei de outro ocorrido, que ficou fora do meu texto: minha cachorrinha dos Estados Unidos. Eram duas, a Brandy e a Mackenzie. A primeira parecia uma cocker spaniel, mas era vira-lata. A segunda era uma vira-lata pequenininha, com cara de vira-lata mesmo. Pois ela, a Mackenzie, pegou parvovirose e ficou adoentada. Ficava suada, fraquinha e vomitava. Para que ela não subisse (e vomitasse) nas camas, a prendíamos na área na hora de dormir. Era colocada uma tábua para obstruir a passagem. Não é que no dia em que ela morreu, ela amanheceu na minha cama? Havia dado um jeito de pular aquela tábua, grande demais para ela, mesmo estando fraquinha. Não queria morrer sozinha. Apareceu na minha cama, dormindo a meu lado. A Brandy, a outra cachorra que sobrou, entrou em depressão. Ia todas as tardes ao quintal e ficava parada exatamente no ponto onde a pequenininha fora enterrada.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Coisas da vida e da morte


Às vezes fico intrigada com a morte. Não o depois, mas o logo antes. Ou melhor, fico intrigada com a vida no quase depois. Aquele último momento e que, portanto, demanda tudo de si, pois já não há disfarces, não há negociações. O que se sente quando se quase morre? O que se quer? Talvez naquele momento se revele o mais verdadeiro de alguém. Já dizia Janis Joplin, não sei se em composição própria ou não, que “liberdade é apenas não ter nada a perder”. Então o estar para morrer é ser livre.

Até hoje tive duas experiências que me trouxeram tais reflexões. Nenhuma com pessoas, ainda bem. Mas quase. Quase pessoas. Um cachorro e um passarinho. O cachorro ficou comigo por dezesseis anos. O passarinho, por um dia. E a relação que tive com ambos foi de amor.

Comecei a pensar nisso por causa do Toquinho, meu cachorro. Eu e minha irmã o ganhamos na infância, e ele foi quase um irmão. Passou por tudo ao nosso lado. Nossa infância, entrada na e saída da adolescência. Nós passamos por tudo com ele. De bebê a velhinho. Atropelamento, parvovirose, surdez, cegueira, problema no coração. E era forte porque amava a vida. Guloso até o fim. Às vezes tínhamos vontade de alimentá-lo sem parar, para ver o quanto ele agüentaria. Nunca tivemos coragem, pois agüentava. Um dia meu pai inventou de comprar um tal de spaguetti vegetal. Parecia um melão, do qual se tirava algo como macarrão. Quando começamos a comer e percebemos que era intragável, lá se foram três pratadas direto para o prato do Toquinho. Este comeu avidamente. Também era generoso. De uma generosidade que pode ir além da humana. Amava sua bola de tênis e morria de ciúmes dela. Mas se recebia em casa visitas caninas ou felinas menores do que ele, cedia tudo, até a bola. Oferecia tudo o que tinha para qualquer animal pequeno que aparecesse.

Mas se o Toquinho me fazia pensar na morte, era porque às vezes passava mal. Engolia tudo o que aparecia em sua frente, então era natural ter suas dores de barriga. Pois tinha. E quando isso acontecia, seu comportamento tornava-se estranho. A solidão ficava insuportável. Sabíamos quando ele não se sentia bem, porque não desgrudava de mim ou de minha irmã um minuto sequer. Seguia-nos pelo apartamento inteiro. Se entrávamos em um cômodo e fechávamos a porta, ele a arranhava desesperadamente. Nada fazia, senão seguir. Seguir e ficar parado, ao nosso lado. Mas sozinho não ficava. Se íamos ao banheiro, lá vinha o Toquinho atrás a nos esperar. Se íamos à cozinha, também.

Eu me questionava a respeito do comportamento do Toquinho, e o pensamento que me ocorria era que, ao passar mal, ele tinha o sentimento instintivo de que poderia morrer. E a última coisa que ele procurava em vida era aquilo: companhia. Simples assim. Verdadeiro assim. Queria estar ao lado de alguém que amava, alguém cuja presença trouxesse um pouco de conforto.

Então ele ficou muito doente. Já era bem velho e havia superado tantas coisas. Dessa vez sentíamos que era pra valer. Teve sucessivas crises, estava fraco. Eu já estava longe, não acompanhei esse período. Mas sei que ele foi internado em uma clínica veterinária. Recebia visitas diárias de minha irmã. Ele na clínica, já por morrer. Um dia minha irmã chegou para visitá-lo. Foi informada pelo veterinário de que ele estava praticamente morto, estava já inconsciente, mas por alguma força seu coração insistia em bater. Minha irmã foi até ele, pegou seu estetoscópio e escutou seu coração batendo. Cada vez mais fraco. Até parar. Esperou ela chegar para parar de bater.

Também teve o passarinho. Minha irmã apareceu em casa com ele dentro de uma caixinha. Se eu lhe pedia para ver o passarinho, ela emendava: “O nome dele é Pardal Bebê”. Como se Pardal Bebê fosse mais nome do que Passarinho. Ela recomendou que eu abrisse a mão, para senti-lo. Tive medo. Nunca tivera algo tão frágil e vivo dentro de minhas mãos. Mas abri. Ele veio de leve e se aconchegou. Cativou-me imediatamente. Não queria ficar na caixinha, deitado no chumaço de algodão que era sua cama improvisada. Queria ficar na mão. Então passei o resto do dia com uma vida, literalmente, em minhas mãos. Estudava virando as páginas com a direita e segurando-o com a esquerda. Dava-lhe mamão e água. E se tentava devolvê-lo à caixinha, ele piava até eu pegá-lo de volta.

No dia seguinte, foi igual. Mas à tarde, quando todos já tinham saído, tive que sair, eu também, para trabalhar. Coisa rápida. Dar uma aula de uma hora e meia e voltar. Deixei o passarinho em sua caixinha, com água e mamão, e fui, com saudades daquele que já estava se tornando um pedacinho de mim, tão grudado estava no meu corpo. Quando voltei, fui direto à caixa do passarinho. Ele estava estabanado, caído. Não conseguia se manter em pé. Coloquei-o na mão. Ele desequilibrava-se. Dei-lhe água e mamão. Ele bebeu e comeu. Depois foi ficando quietinho, quietinho. Morreu ali, em minha mão. Ainda passei vários minutos chamando-o, pedindo-lhe para acordar. Não sabia o que fazer com um passarinho morto na mão. Mas foi assim, como o Toquinho. Não morreu só. Esperou-me voltar para, enfim, deixar-se descansar.

Desconfio que nós, humanos, também tenhamos essa necessidade: morrer ao lado de quem se ama. E, se não queremos morrer sós, é porque também não queremos viver sós. No último minuto de nossas vidas, aquele em que somos mais livres, só podemos desejar o que há de mais verdadeiro, mais significativo. E, se estar ao lado de quem se ama é o mais importante na hora da morte, é porque é também o mais importante da vida.

Essa é a lição que aprendi com meus amigos Toquinho e Passarinho. E sei que, como eles, vou querer estar ao lado daqueles que amo no último minuto da minha vida. Mais: vou querê-los ao meu lado durante todo o percurso, desde agora, desde sempre. Também são lições que aprendi com a morte. Porque a morte nos ensina muito sobre a vida.

Entre meus venenos

O meu veneno

Sei que minha maior força é minha extrema fragilidade
Um modo que tenho de me abalar com todos os ventos
De cada vez sofrer e morrer com a mesma intensidade
E não criar espinhos ao passar pelos tormentos.

Assim sou defendida por exércitos, conquisto multidões
Desmoralizo os oponentes quando exercito as paixões.
Tanto mais me imponho à medida que me exponho,
Que o meu sonho é o que mantém minhas ações.

Também sei que minha maior mentira é minha imensa sinceridade
Essa ingenuidade com que me debruço sobre todas as coisas
E que na pele e no rosto e nos olhos explode emoções:
Eu trajo esse grande disfarce, que é minha verdade.

Minha doçura é meu veneno involuntário
É o que confunde qualquer adversário
Porém ser mulher e delicada não é escolha, é minha condição
E se tão facilmente me desfaço, se sou tão quebrável,
É que é o espaço em que me sinto confortável, não uma opção.

Encontro-me neste terreno, nele me decubro
E faço do meu corpo, este corpo magro e pequeno,
Meu maior escudo.


Este poema eu escrevi alguns anos atrás. É querido, pois foi o primeiro poema que já tive premiado. E conseguia me descrever, da cabeça aos pés. Agora vejo o quanto mudei. O quanto perdi a coragem de expor minhas fraquezas. O quanto me tornei dura. Mas, se antes ser frágil era minha força, agora minha dureza é minha maior fragilidade. E vejo que quanto mais aparento ser forte, mais vulnerável me torno. Um dia ainda escrevo outro poema sobre isso...

Quando digo que até "sorte do dia" do orkut funciona comigo...

Pois a minha sorte do dia era: "Você vai ganhar roupas novas".

Roupa de banho não deixa de ser roupa, né?

E pantufa também pode ser considerada como roupa, né?

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Luz, câmera, ação!

Minha primeira cena desde o recomeço das filmagens. Fiquei feliz por encontrar o pessoal de São Paulo: David, Elisa, Thomas, Bob Pai e Bob Mãe. A van veio me buscar às nove da manhã e só me despachou de volta às nove da noite. Minha cena foi rápida, mas fiquei acompanhando as outras do dia. Não consigo vestir a camisola do figurino sem um desejo irresistível de sair saltitando. É muito confortável e quentinha! A Elisa teve que pegar fogo no braço. Colocaram não-sei-o-quê de amianto e um gel, aí ela colocou o braço no fogo de verdade!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Eu estava neste lugar horroroso...


... mas agora voltei!
Mais pra frente conto como foi horrível esse período de férias auto-declaradas e em péssima companhia...