sexta-feira, 17 de abril de 2009

ENTRE-VISTA (Ou aquilo que ainda não me perguntaram)*


*O título é roubado da Elisa Lucinda. Achei um caderninho antigo em que tinha feito essa brincadeira, mas agora faço uma versão atualizada de mim.
... que bebo suco de frutas como se bebesse cerveja. Enquanto os outros ingerem álcool, vou no suquinho e me sinto tão relaxada, feliz ou boba quanto qualquer outra pessoa da mesa.
... que uma ducha resolve para lavar o corpo, mas só um bom mergulho lava a alma.
... que preciso parar um pouco de falar besteiras, pois descobri que as pessoas me levam a sério. Incrível, mas tem gente que acredita nas coisas que digo.
... que tenho tropas de anjos da guarda se revezando para me proteger. E isso é herança de família.
... que acredito que a maior procura do homem seja pelo sentimento de comunhão. Isso é buscado nas drogas, nas religiões, no amor. Eu encontro fácil nas filosofias de boteco.
... que existem vários tipos de sono, como o sono de olhos, o sono de peso no corpo e o sono de subir um palmo acima do corpo. E que este último é delicioso, quando já estamos na cama.
... que não suporto televisão como som ambiente.
... que tanto peixes quanto carros só são bonitos quando parecem de brinquedo.
... que acho os hippies os homens mais bonitos do mundo. E não é porque gosto de batas, sandálias, cabelão e barba. Por algum motivo misterioso, os hippies nascem mais bonitos.
... que coisas ruins também podem ser belas. As favelas, à noite, parecem árvores de Natal. E a poluição dá ao céu um lindo tom alaranjado.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Selinhos




Minhas bolhinhas receberam recentemente dois selinhos. A Erika me deu o selo "Blog nota 10" e da Aline ganhei o selo "Somos mulheres bem resolvidas". Vamos, agora, às minhas indicações:
Blog Nota 10
Dani Baleeiro
Doug
Plural Blog
Objetos de desejo
Renato Cirino
Somos mulheres bem resolvidas
Bolhas
Dani Baleeiro
Erika
Feito por Stella
Helen Fernanda
Lillian Bento
Maria Cristina*
País de Alice
Pensionato
Taís Seibt*
Apesar de não colocar os links dos blogs, todos eles estão aqui na página do Bolhinhas, fáceis de encontrar. Há aqueles blogs cujos textos são poemas, não importa se em versos ou em prosa. Há aqueles que sempre acompanho porque são de pessoas queridas. Há os divertidos, os profundos. E os que adoro, apesar de nunca serem atualizados, que foram premiados com asterisco (ou seja, com direito a um puxão de orelha).

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O chá e suas consequências

Tudo começou com um biscoito. Queria mergulhá-lo em algum lugar, para morder parte molhada e parte seca e sentir, na boca, o contraste do crocante com o macio. Pensando melhor, não começou com o biscoito, começou com um final de tarde fresco, que, por sua vez, começou com um dia quente. E tudo começou muito antes e veio de uma história de lugares, pessoas, sensações. Mas aí corro o risco de ficar subjetiva e não contar minha história de hoje.

O dia amanheceu quente, quase infernal. Vivi e me locomovi nesse dia quente. De repente olho para o lado e vejo uma chuvinha fina. Volto a mim. Olho para o lado novamente e vejo o céu limpo. E de uma hora para outra o tempo está fresco e o céu azulado e amarelado. Um livro em mãos e uma música no ambiente. O livro era "O jogo das contas de vidro", de Herman Hesse, e o CD, "The soul sessions", de Joss Stone, para quem quiser repetir a experiência e ver se funciona. E o biscoito, que é de onde começamos a história. E o chá, eleito para molhar o biscoito. E, em dez minutos, a vida inteira valia a pena. E em dez minutos eu vivia minha vida inteira. Todos os afetos, todas as lembranças que a memória não alcança e que não cabem em um fluxo de pensamento, mas que estão registradas nas células.

E eu que comecei o texto pensando em falar sobre chás...

Agora nem sei mais se chá cabe na minha história. Enfim, o de hoje era de erva doce, minha fase atual. Mas cada chá tem sua fase, suas circunstâncias e suas consequências. Chá Mate quentinho e com açúcar, por exemplo, é o sabor de tardes de infância na casa das avós de minhas amiguinhas. Erva doce tem sido o sabor das noites aqui no Rio. E tem o eterno favorito, Jasmim, cujo aroma recupera toda minha vida, minha casa, minha família, biscoitos, casadinhos, aulas de estatística no domingo, China, Goiânia. E o melhor de tudo é segurar a xícara entre as mãos e respirar o vapor perfumado e quente que sai.

Minhas emoções sempre foram olfativas. E juro que nunca tomei chá de cogumelo. Por incrível que pareça, nem hoje.

sábado, 4 de abril de 2009

Felicidade fácil


Hoje a Luana resolveu montar o móbile de fotos que há mais de um mês estava guardado na gaveta. Fomos nós procurar fotos para mandar imprimir. Fiquei olhando aquelas imagens armazenadas em arquivos digitais, que há tanto tempo eu não via. Escolhemos, imprimimos, montamos o móbile, penduramo-lo no teto. Tão bom ver aquelas fotografias flutuando pela sala. No embalo, montamos nosso painel no armário do quarto, com outras fotos e a letra de uma música que nos diz muito, a mim e à Luana. Cada qual com suas lembranças e esperanças. Por fim, resolvi fazer o mosaico que prometera para ela. Lu no computador, eu no chão da sala, Day na varanda. Musiquinha no ar. Fórmula certa para ser feliz. Escutar música e fazer coisinhas. Seja que coisinhas forem. Montar quebra-cabeça, pintar quadro. Hoje era mosaico, a coisinha. Às vezes parece que ser feliz é tão fácil...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Primeiro de Abril

Dia da mentira. Como falar verdades? Tenho me perguntado isso há algum tempo. Estou com uma verdade engasgada para falar. Verdade delicada. A situação é a seguinte: Conheço uma pessoa que fede. Não é má pessoa, mas fede. Cheiro de suor misturado com perfume. Fico incomodada com o odor. O incômodo transforma-se em repugnância, asco e, em seguida, em raiva. Mantenho distância. Mas lamento, pois sei que pode haver uma pessoa agradável por trás do cheiro desagradável. Mas quem saberá? Só se um dia alguém tomar coragem e avisar a essa pessoa. Talvez um dia eu tome coragem. Provavelmente não. Seguirei evitando-a e irritando-me sempre que ela se aproximar. Longos dias da mentira.