segunda-feira, 2 de junho de 2014

Semente



Sempre acontece: Perguntam meu email. E, diante do "hotmail" na resposta, olham-me como se eu tivesse surgido diretamente da pre-historia. Alguns sugerem: "Por que você não troca pro gmail?" Indago a diferença. Explicam-me sobre configurações, arquivos, capacidade de enviar e armazenar dados, coisas assim.
E eu juro que ainda não consigo enxergar a distinção.
Haverá alguma tecnologia que me permita receber mais amor? Doar mais amor? Haverá algum meio que me permita trocar com verdade - ou tocar de verdade? E, se eu adotar o tal do gmail, que tanto me dizem ser mais avançado, vou receber mais mensagens de coração daqueles que amo? E vou alcançar com mais profundidade os seus corações, também? E entenderão melhor o que digo - quando digo? Entenderão o que não digo? Compreenderão o meu silêncio?
Recentemente, em um congresso de comunicação, um dos pesquisadores* falou a seguinte frase, que ficou reverberando em minha alma: "Quando comparo tecnologias, eu não oponho o Windows ao Linux, pois ambos contêm a mesma lógica. Eu o oponho ao machado".
Pois eu aguardo essa tecnologia - uma que seja potente: Que seja o machado a quebrar paredes. Que seja ponte. Que seja semente.

* O pesquisador em questão é Edilson Cazeloto, durante apresentação do trabalho "Sociabilidades gerenciadas: o discurso tecnológico e a despotencialização do imaginário" 

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