sábado, 10 de janeiro de 2015

Dia de flores


Hoje finalmente saí decidida a comprar um agasalho.
Fui meio correndo, meio saltitando, porque estava alegre. Escolhi um poncho enorme e azul. Dizem que aqui você tem que pechinchar em tudo, mas quando vejo um poncho pela metade do preço que pago para almoçar em uma esquina qualquer a cada dia da minha vida no Rio de Janeiro, não consigo. De qualquer jeito, acabei ganhando um desconto não planejado, porque não carregava dinheiro suficiente na minha carteira. Depois, com as moedas que tinha, comprei um cordão de flores de uma senhora na rua. Coloquei-o em torno do pescoço e fui passear.
As pessoas me perguntavam:
- Você vai ao templo?
- Não, não. Vou só andar.
- Belas flores!
E eram.
E era uma tolice também. Essas flores são vendidas como oferendas aos deuses, não para servir de colar a uma moça que, porque estava alegre, decidiu andar florida.
Mas eram flores lindas e amarelas, que, ao final do dia, entreguei ao rio.
Se há deuses, certamente as receberam.
E ainda deixaram algumas ali, perdidas no meu cabelo.

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